“Uma imagem vale mais que mil palavras”, já dizia o filósofo chinês Confúcio. Não é à toa que a expressão sobreviveu milhares de anos e até hoje é utilizada: ela carrega uma verdade atemporal.
As imagens constituem um atalho na hora de comunicar informações, engajando muito mais o leitor da mensagem do que meras (ou mesmo mil) palavras.
Com o desenho, porém, damos um passo a mais: não estamos só olhando para uma imagem feita por outrem, mas sim buscando a melhor forma de nós mesmos visualmente representarmos conceitos e ideias abstratas.
Esse processo, automaticamente, nos faz avaliar o assunto com mais profundidade, pensando nele de forma mais crítica. Em seguida, desenhar o tema acaba sedimentando ainda mais nosso entendimento a respeito, em um ciclo virtuoso de aprendizado.
Dessa forma, o desenho nos incentiva a fixar conteúdos em nossa memória, demandando uma reavaliação do todo para continuarmos produzindo.
Perceba que, através desse método, o engajamento se torna muito mais ativo do que passivo, já que, ao produzir representações visuais sobre um assunto, estamos dando nossa marca característica ao aprendizado, o que torna a experiência mais nossa.
No conjunto, todas essas características fazem do desenho um ótimo exercício para o aprendizado de novas línguas. Nos últimos anos, diversos estudos científicos vêm confirmando a validade desse método de ensino nas escolas.
Memória e pensamento difuso | Como o desenho ajuda no aprendizado da segunda língua
Em estudo realizado em 2016 na Universidade de Waterloo, no Canadá, três pesquisadores buscaram testar o desenho como estratégia para a memorização de informações.
A pesquisa concluiu que, em média, nós conseguimos lembrar o dobro de palavras desenhadas em comparação com palavras apenas escritas, independentemente de nossas habilidades artísticas.
No estudo foi repassado aos participantes uma lista de palavras simples. Em seguida, num tempo dado de 40 segundos, eles foram instruídos a desenhar uma representação da palavra ou escrevê-la repetidas vezes.
Terminado o tempo, os pesquisadores pediram que os participantes lembrassem o máximo de palavras que conseguissem.
Com base nesse experimento, o estudo apresentou a conclusão de que desenhar torna a memorização de informações mais coesa, uma vez que a memória das palavras desenhadas foi superior às escritas.
Outra característica que favorece o desenho como método de ensino é algo conhecido como “pensamento difuso”.
O pensamento difuso é uma forma relaxada de pensar, deixando nossa mente fazer associações livremente, até mesmo de forma aleatória, para que possamos ganhar novas perspectivas.
Ao contrário do modo tradicional de pensar e ensinar, isto é, focando em um assunto específico, essa forma de pensamento dá tempo para o cérebro processar as informações de maneira mais profunda.
Nós exercemos o pensamento difuso durante várias atividades, por exemplo quando cozinhamos ou caminhamos.
Em verdade, até mesmo quando estamos dormindo nosso cérebro continua processamento informações dessa maneira difusa, o que dá origem aos nossos sonhos.
Ao desenhar, também estamos acessando essa parte criativa do nosso cérebro, que nos permite fazer associações livres e mais profundas.
Desenhar notas
Outro estudo que aponta para a eficiência do desenho como metodologia de ensino foi conduzido em 2015 por dois diretores de aprendizado e registrado por Katrina Schwartz.
Os pesquisadores fizeram um experimento com notas desenhadas (ou rabiscadas) em seu aprendizado profissional e junto com alunos, em comparação com notas simplesmente escritas.
A conclusão do estudo foi que, quando estamos desenhando as notas e não apenas as escrevendo, acabamos prestando atenção em um nível mais aprofundado.
Além de tornar o aprendizado literalmente visível para os professores, fornecendo assim uma ferramenta eficaz de ensino, desenhar nos ajuda a sintetizar informações de forma mais simples.
Por outro lado, desenhar também dá liberdade ao aluno para explorar estilos e abordagens próprias, o que lhe confere uma outra forma de aprender o conteúdo e absorver a informação de um modo mais original.
O método também tem embasamento em estudos da área da neurociência sobre a temática da memória. Isto porque diversas pesquisas apontam que, quando conceitos e ideias podem ser captadas em uma imagem, o cérebro lembrará da informação junto dessa imagem.
Uma maneira interessante de pensar sobre o assunto é a seguinte: não desenhamos para transcrever ideias já prontas em nossa cabeça, mas sim para gerá-las e descobri-las, na busca por um entendimento mais profundo.
Desenho no aprendizado da segunda língua
Há diversas formas de aplicar a metodologia do desenho no ensino da segunda língua.
No caso do inglês, especificamente, o desenho é uma forma eficiente de engajar os alunos, estimulando-os a lembrar, avaliar e explorar a língua.
Veja algumas atividades simples para experimentar com seus alunos.
Na hora de ensinar vocabulário e léxico, instrua os alunos a desenharem em seus cadernos uma representação visual do que acabaram de estudar.
Em seguida, os alunos podem comparar os seus desenhos entre si, discutindo porque decidiram representar as palavras da forma como fizeram. Esse exercício pode ser frutífero para o aprendizado e também para o entrosamento da turma.
Outra atividade interessante é orientar os alunos, individualmente ou em grupos, a desenhar a “história até aquele momento” a partir de um texto que está sendo lido ou escutado.
Em outras palavras, pare a leitura ou audição do texto e peça para os alunos desenharem o que aconteceu na história até aquele momento.
Esse exercício é interessante especialmente para textos mais longos, que talvez demandem mais de uma aula para serem abordados. Com os desenhos, você garante que seus alunos efetivamente acompanhem o texto, auxiliando na memória acerca do que estão trabalhando.
Também para textos longos, o exercício da “foto” pode ser frutífero. Nesse exercício, peça aos alunos para que desenhem um momento específico do texto, como se fosse uma fotografia.
Terminados os desenhos, será interessante comparar os trabalhos dos alunos, para que discutam o porquê de terem selecionado o momento específico do texto pelo qual optaram.
O uso de diagramas é outra forma para instigar o aprendizado através do desenho. Esse exercício funciona para tudo que envolva algum tipo de processo com diferentes estágios, a exemplo da fotossíntese.
Um outro exercício envolve a utilização de mapas. Esta é uma forma particularmente efetiva para ensinar o uso de preposições de lugar e estruturas condicionais.
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