A educação bilíngue ainda é um ponto de dúvida para pais e mães. Dessa forma, embora eles saibam a respeito da importância da aquisição de um segundo idioma, muitos ainda não conseguem compreender, por exemplo, quais seriam as vantagens de matricular os seus filhos em uma escola com esse sistema de ensino.
Além disso, ainda existem as confusões entre a diferenciação de uma escola bilíngue para um curso de idiomas ou uma escola internacional. Portanto, o presente artigo tentará esclarecer, através de 5 fatos a respeito do ensino bilíngue, alguns pontos-chave sobre esse formato de educação.
01. A educação bilíngue não prejudica o aprendizado geral
Ainda na década de 1960, existia a crença de que aprender dois idiomas ao mesmo tempo, prejudicava o processo de aprendizagem infantil como um todo. Entretanto, novas pesquisas e práticas pedagógicas mostraram que essa visão está equivocada.
Apesar disso, ainda existem alguns mitos que rondam a educação bilíngue nesse sentido. Entre eles destaca-se a ideia de que expor os alunos a uma língua estrangeira nos seus estágios iniciais da aprendizagem pode gerar problemas relativos à fala e ao desenvolvimento linguístico.
Porém, essa noção de que as crianças somente conseguem assimilar um idioma de cada vez é equivocada. De encontro a isso, vale ressaltar uma pesquisa realizada pela Massachusetts Institute of Technology (MIT) em 2019.
Por meio de um questionário online, preenchido por 670 mil pessoas, foi concluído que aos 10 anos de idade as crianças têm maior facilidade de assimilação de uma língua estrangeira. Posteriormente, essa capacidade é diminuída. Então, embora ainda seja possível aprender, as chances de atingir a fluência nessa faixa etária são maiores.
02. O ensino bilíngue oferece imersão cultural
A principal diferença entre uma educação bilíngue e um curso de idiomas está na imersão. Assim, os alunos de uma instituição que adere a esse sistema não têm o seu contato com a língua estrangeira restrito ao horário em que a disciplina é ministrada. Ele se estende a todo o seu tempo dentro do colégio.
Isso acontece porque o inglês é utilizado também nas aulas de outros conteúdos, possibilitando contato com vocabulário técnico dessas áreas. Além disso, as interações sociais dos alunos, mesmo nos níveis mais básicos, devem acontecer em língua estrangeira.
Esses vários contextos comunicativos distintos asseguram que o estudante saiba empregar a segunda língua em mais de uma situação. Além disso, torna a aprendizagem algo orgânico, que ocorre sem que o estudante se dê conta.
De encontro a isso, ainda vale mencionar que muitas escolas bilíngues, embora sigam o currículo e o calendário brasileiros, investem em eventos ligados às datas comemorativas de países cujo idioma nativo é o inglês. Durante essas ocasiões especiais, os alunos aprendem de forma lúdica e precisam interagir com a cultura de outro país, aprendendo mais a respeito dela.
Dessa forma, vale ressaltar que esse conhecimento cultural amplia as possibilidades de comunicação e os conhecimentos dos alunos, tornando-os mais preparados para as várias situações que podem encontrar, de uma entrevista de emprego a uma viagem de lazer para o exterior.
03. Aprender dois idiomas auxilia no crescimento do cérebro
De acordo com alguns estudos feitos com base em exames de imagem, as pessoas que estudam uma língua estrangeira, ainda que isso aconteça na idade adulta, mostram um crescimento anatômico em algumas áreas do cérebro. Tais regiões, por sua vez, estão relacionadas à linguagem.
A pesquisa em questão foi conduzida pelas universidades de Lund e Umea, ambas localizadas na Suécia, e ainda contou com a participação das Forças Armadas, que forneceram os seus recrutas como objetos de análise para os estudiosos. Em um espaço de 13 meses, os soldados precisavam aprender uma segunda língua até conseguir atingir o nível de fluência.
Então, após o término do período indicado, foi identificado um aumento do hipocampo, área do cérebro ligada à memória, à capacidade de aprendizado e à orientação espacial. Além dessa região, outras três foram aumentadas a partir do aprendizado de uma língua estrangeira.
Entre os principais benefícios indicados pelos cientistas que conduziram o estudo, a aquisição de uma nova língua é capaz de retardar os sintomas de doenças degenerativas como o Alzheimer, uma vez que isso ajuda a manter o cérebro em forma.
04. Aprender uma segunda língua é diferente de adquirir
A diferenciação entre aprender e adquirir uma segunda língua pode ser confusa para alguns pais. Dessa forma, é importante destacar o ponto de vista da ciência a respeito dessa questão. Assim, segundo estudiosos, aprender um novo idioma significa dominar as suas regras e o seu uso.
Em contrapartida, os estudiosos apontam que a aquisição de uma língua estrangeira está mais ligada ao desenvolvimento de habilidades ligadas à comunicação, especialmente com um interlocutor responsivo. Ou seja: alguém que está na sua frente e pode fornecer respostas em tempo real.
Conheça Os Pilares Da Metodologia Bilíngue
Durante esse contexto comunicativo, aqueles que adquirem uma segunda língua são capazes de se fazer compreender e compreendem o que é dito. Portanto, o processo vai além do simples acúmulo de informações: é necessário ter interação e ela deve acontecer dentro de um contexto e com naturalidade.
Esse ensino contextualizado e assimilado de forma gradual é exatamente a proposta apresentada pela educação bilíngue, o que mostra que a possibilidade de esquecer a segunda língua aprendida é um mito.
05. O Brasil não possui apenas um idioma
Embora muitas pessoas acreditem que o português é o único idioma presente no Brasil, isso não é uma verdade. Atualmente, o país pode ser considerado multilíngue por contar também com a presença da Língua brasileira dos Sinais (LIBRAS) e de vários outros idiomas, em sua maioria de origem indígena.
Portanto, todas essas formas de falar fazem parte da rotina de algumas regiões brasileiras, assim como da vida de pessoas que têm mais exposição a esses idiomas. Isso mostra que o método de ensino através do contato e da imersão é eficiente e natural, visto que grande parte dessas pessoas não se matriculou em um curso para aprender tais línguas.